Por que só cuidamos do bem-estar quando já é tarde?

Precisamos chegar no extremo de um burnout para atuar?


por Luiz Furtado


Um grande amigo (aqueles da vida toda) me buscou recentemente. Caiu no burnout. Seguiram semanas depressivas (me contava) e nada mais funcionava: fazer esporte ou tomar o remédio indicado pelo médico. Licença forçada e sentimento de estar no limbo. - Para onde vou agora? Como saio dessa? - me dizia.

Como chegamos até aí? Sim, nós todos, como chegamos aí? Perguntar como ele “caiu" seria cobrir os olhos com vendas e continuar vivendo na cegueira que vivemos… presos nos paradigmas sociais que nos impedem de buscar o autocuidado antes de explodir.

 

Auto-exigência

Você quer realizar, quer produzir, quer conquistar. Eu também. Todos nós. O líder nos cobra, a empresa nos cobra, o par, a equipe, a família, a/o/e namorade, o filho/a, etc.. Mas nada se compara a auto-cobrança.

Essa suposta cobrança dos outros, é na verdade, nossa. Uma suposta vergonha de não ter alcançado ainda mais. Mas espere! Já alcançamos grandes coisas! Reconheçamos nossos próprios feitos em primeiro lugar.

A auto-exigência aparece quando lá dentro, em nossa conversa interna, estamos repetindo diariamente as típicas frases como: poderia ter feito/entregado mais. Será?

A auto-exigência é boa sim. Seja um/a perfeccionista. Faça bem feito. Mas desde que isso não leve a noites mal dormidas, irritação fácil e frequente, ou vontade de largar tudo de uma vez. Quando estes sintomas aparecem já estamos no estágio 2 de stress. A explosão está mais perto do que imaginamos.

Esse tipo de pensamento/sensação não pode ser o nosso normal. Não pode ser aceito por nós ou socialmente. Temos que atuar antes mesmo de perceber isso. Ao perceber, já é urgente!

 

Resultado: morte

Em uma conversa mais profunda com meu pai falávamos sobre trabalhar mais e ganhar mais dinheiro. Ele com sua experiência e com o que havia visto em um reality show de empreendedores tentava me ajudar.

Meu pai, já aposentado, contou a história do seu último trabalho formal: corretor de imóveis.

"Um dia falei para o dono da imobiliária que não iria mais trabalhar. Foi uma decisão difícil. Parar de trabalhar. Teria que viver com menos dali para frente. Mas passava muito stress com cada negócio que minguava. Dormia pouco com cada lançamento que precisa ficar lá desde 6am para pegar uma posição boa na fila de corretores. Ou pior, sair na rua prospectando imóveis.”

“Na ocasião" - lembrava - " falei para o dono da imobiliária, Sr. Fernando (nome fictício), para ele parar também. Ele tinha a minha idade e tomava ainda mais remédios do que eu."

"Três meses depois faleceu.”

[…]

Hoje nos encontramos semanalmente. Meu pai e eu. Meu pai pode ainda ver a sua neta (minha sobrinha) e viver essa experiência transcendente.

Ninguém está disposto a deixar anos de vida só para ter dinheiro sobrando para encher a cara no fim de semana e afogar os dias longos e estressantes de trabalho no esquecimento temporário. Mas ainda assim muita gente o faz.

 

Sem sapato

Um conhecido entrou em burnout na empresa em Baurueri, (Alphaville) e saiu andando. 24 horas sem parar. em transe. Em burnout. Onde chegou? Na praia, sem sapato, fud…

 

Não sejamos os próximos a ficar sem sapatos ou sem participar dos momentos mais felizes da nossa familia.

  • Durmamos as horas que precisamos sem culpa.

  • Valorizemos os objetivos já conquistamos.

  • Façamos meditação com um grupo e o acompanhamento de um professor sério e assim dar um merecido descanso para a nossa cabeça!

  • Vamos aprender a tão falada respiração mindfulness.

  • Estiquemos o corpo sem preconceitos com aulas de flexibilidade.

  • Participemos de workshops de bem-estar sem medo ou vergonha.

É questão de vida ou morte.


Luiz Furtado

Mudou de profissão há 13 anos para trabalhar com a DeRose Meditation. Desde 2009 vem ensinando DeRose Method em diversos países, principalmente no Brasil, Chile e Estados Unidos. Sua missão é deixar pessoas melhores para o mundo. Atualmente é o líder da equipe de professores de língua espanhola em Nova York e diretor da escola Vila Mariana em São Paulo

 
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